Fred Félix
Queridos leitores, primeiramente peço desculpas pelo atraso em nossa reflexão. Porém, ficará difícil postá-la aos domingos. Irei então escolher um melhor dia de forma que não atrasemos o nosso crescimento espiritual neste período da Quaresma. Desculpas pedidas, vejamos nossa reflexão...
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A Igreja ensina que três são os exercícios espirituais no período da Quaresma: o jejum, a oração e a esmola. Por jejum devemos entender a abstenção de algo durante o todo o período ou em determinados momentos do tempo (algum dia na semana, ou alguma parte de todos os dias). Porém, de que serve a essa abstenção em nossa vida? Por que isso nos faz crescer?
Primeiramente, vejamos o que a própria Igreja Católica afirma sobre o mesmo:
CC, 1434. A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. A par da purificação radical operada pelo Baptismo ou pelo martírio, citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo (27), a intercessão dos santos e a prática da caridade «que cobre uma multidão de pecados» (1 Pe4, 8).Praticar o jejum ou a abstinência (aqui não nos cabe atermos no significado de cada uma dessas palavras) é muito mais do que a mera retirada de alimento. Estas são apenas ferramentas do jejum que também pode ser feito com outras abstenções:
CC, 1438. Os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo da Quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja (31). Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias).
CC, 2043. O quarto preceito («Guardar abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja») assegura os dias de ascese e de penitência que nos preparam para as festas litúrgicas e contribuem para nos fazer adquirir domínio sobre os nossos instintos e a liberdade do coração (89).
- A menina não consegue de jeito nenhum passar um dia da semana sem ligar para o ex-namorado que terminou o relacionamento três meses atrás. Decidiu então na Quaresma não ligar para ele, de forma que seu coração fique em paz e ela valorize a sua pessoa.
- O menino, toda vez que sai com os amigos, fica embriagado. Tomou como resolução da Quaresma nunca mais abusar do seu próprio limite e com isso não chegar mais a este estado, pois sabe que é na verdade desnecessário ficar bêbado para ser feliz.
- Outra pessoa não possui paciência com as pessoas de sua casa. Cada palavra que alguém lhe dá ela responde com palavras atravessadas. Sabe que isso só afasta os outros dela e lhes fere o coração. Decide então usar a Quaresma para praticar a tolerância, ficando em silêncio (não dando respostas rudes aos outros) durante 40 dias, com a decisão de assim permanecer depois.
Observamos então que o jejum é um exercício que permite moldarmos nossos corações, retirando ou reduzindo as coisas que nos incomodam e aprisionam. É, pois, uma grande prática que nos conduz à liberdade!
A mulher que toda segunda-feira começa uma dieta, porém é só aparecer um chocolate que a mesma dieta é chutada para o alto. Ela é prisioneira do chocolate? Coitado do chocolate – claro que dele não é. Ela é sim prisioneira dos seus próprios desejos e instintos. Eles não permitem que ela alcance as metas que ela própria traçou para sua vida. Isso implica a tristeza por planos frustrados e a baixa auto-estima por não concluir nenhum dos seus planos. “Não consigo nada do que quero. Será que meu destino é ficar na mediocridade?” Não! Claro que não! Deus lhe deu todas as ferramentas para ser livre, basta apenas abraçar a cruz que representa abdicação, esforço e trabalho em busca da ressurreição.
Quem vive ao sabor de suas paixões é prisioneiro de si mesmo e sua vida não encontra a verdadeira liberdade. Uma pena que um ser humano se deixe dominar pela fraqueza espiritual que ele mesmo cultiva dentro de si mesmo pela simples preguiça de tentar ser melhor. Quiçá estejamos longe deste triste quadro. Para isso devemos selecionar algo para o jejum de nossa Quaresma na prática da conquista da liberdade interior e felicidade verdadeira. Já optei pelo meu. E você? De que forma quer ser livre?!
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Este artigo é dedicado à memória de Carlos Augusto Souza Júnior (Carlos Mozer).
Dai-nos, ó Deus, pensar sempre o que é reto e realizá-lo com solicitude.
E como só podemos existir em vós, fazei-nos viver segundo a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
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