Certa vez, quando eu trabalhava em uma grande empresa, fui chamado pela minha chefia imediata e meu gerente em uma reunião. Eles perguntaram se eu possuía pretensões de crescer na companhia, pergunta a qual respondi acertadamente. Foi então que veio o tiro certeiro: “a sua meta para alcançar isso deve ser colocar Fulana de Tal no lugar dela”. Na mesma hora eu discordei, dizendo que não poderia “colocar alguém em seu lugar”, ainda mais quando a Fulana era uma pessoa a qual eu tinha afeto. Foi só uma questão de tempo e o local se tornou insuportável para mim, pedi para mudar de setor e posteriormente, durante uma crise de ansiedade que se alastrou durante uns três meses, pedi demissão e mudei o meu rumo profissional. A árvore dos meus sonhos havia entrado em conflito com a realidade do mundo das contradições.
Todos nós temos a nossa árvore dos sonhos e ela é composta pelos mais nobres e belos princípios. Como franciscano, ao contemplar com os olhos da mente a árvore dos sonhos, percebo que ela tem por raízes o primordial e cardeal princípio: amar aos outros como a si mesmo. Todos os outros procedem deste princípio basilar. Assim sendo, a árvore dos sonhos é um edifício que construímos com o que há de melhor na gente. Ela é o próprio Cristo, que através da morte e ressurreição, tal qual a semente, floresce dentro de nós, a cada batalha da vida e ultrapassando o obstáculo da terra, de acordo com o nosso cuidado, cresce vigorosa em direção ao céu.
Ao mesmo tempo, vivemos em um mundo de contradições. Desde que nossos primitivos pais descortinaram o paraíso em que viviam e adentraram a realidade da desgraça (estado no qual a graça não é o princípio dos pensamentos e ações) a contradição se instalou e por consequência os conflitos. Nascidos ao natural, envergonhados se vestem. Não querendo ou precisando, trabalham para sobrevivência. E desde então vivemos e repetimos isso. Porém, com o avanço da vida em sociedade, as contradições foram tomando outras formas mais rebuscadas de apresentação. Na família enfrentamos estas contradições, no trabalho igualmente, nos grupos e nos círculos de amizade também. “Tudo através de um sorriso tão desonesto como perigoso”, como diria o compositor David John Matthews.
O importante é não deixar o mundo das contradições abalar o alicerce de nossa árvore dos sonhos, pois o solo deste mundo é adubo natural para a árvore dos desejos e esta, repleta de sentimentos sem alteridade, disputa lugar com a nossa árvore de princípios e valores. Devemos então alimentar-nos da água da humildade e sedimentarmos junto às nossas raízes o alimento da vida, o qual seja as palavras que brotam do coração de Deus.
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