Thiago Damato, jufra
Sempre achei que ser franciscano é de certa maneira ser duas vezes cristão. Se considerarmos que o pobrezinho de Assis foi quem melhor representou a imitação evangélica de Nosso Senhor Jesus Cristo, esta minha humilde afirmação mostra-se perfeitamente verossímil. Vale Lembrar aqui as palavras de nosso querido padre Antônio Vieira : “Vesti Cristo e tereis Francisco, desvesti Francisco e tereis Cristo.” A meu sentir, o que padre Antônio tenta nos dizer neste trecho de um de seus sermões, é que Francisco alcançou o estado de concórdia com o Sagrado Coração de seu Mestre, e assim caminhava em perfeita harmonia com o Cristo humanado.
Recordemos também as sábias reflexões de Sua Santidade, o Papa Pio XI: “parece que jamais houve homem algum em quem brilhasse mais viva a imagem de Jesus Cristo e em quem fosse mais semelhante a forma evangélica de viver do que em Francisco...foi com razão proclamado Alter Christus, o outro Cristo” Frei francisco quis tanto ser o “irmão de Jesus '' que assemelhou-se a Ele no amor incondicional ao próximo e na dor inexprimível da Paixão. O ponto máximo da entrega de nosso paizinho fraterno ao Cristo pobre , se dá no Monte Alverne, por volta de 1224, quando o “menor dos menores” recebe de um serafim a impressão dos estigmas do Crucificado em seu corpo.Assim, podemos concluir que ter o carisma franciscano como herança , além de uma inestimável alegria , é uma responsabilidade imensa; pois trata-se de uns dos maiores movimentos da história do Cristianismo, que por sua natureza mendicante, transformou-se numa constante tentativa de caminhar juntamente com a Santa Igreja rumo às suas origens, firme no espírito de partilha que nos contam as sagradas escrituras sobre a Igreja dos primórdios, como é revelado nos Atos dos Apóstolos 4, 32: “ A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum”.Neste sentido, Francisco nos exorta em sua Regra: “E cada qual ame e nutra seu irmão assim como a mãe ama e nutre seu filho”. Em um mundo dominado pela cultura da felicidade individual, do consumismo exacerbado e criminalização da pobreza, pregar valores de comunhão fraterna universal nos remete ao Evangelho de São Lucas :“Esta é a voz que clama no deserto”(Lc 3,3)
Mas o Poverello de Assis nos deu o exemplo de como seguir firme na Fé. Indo ao encontro dos “últimos dos pobres” de sua época, que eram os irmãos hansenianos, seguiu os passos do Verbo Encarnado, que veio anunciar a Boa Nova aos oprimidos e marginalizados. Hoje, como filhos espirituais do Carpinteiro que é nossa Pedra Angular, sob a inspiração terna daquele frade que se julgava um “servo ínfimo”, devemos nos juntar piedosamente àqueles que padecem diante de nós: órfãos, sem-terras, esmoleres, cativos , enfermos, etc. É necessário refutar uma religião de aparências e puramente ritualista, empenhando-se nas obras que promovem a vida e o bem comum.
Falar de como é ser um cristão-franciscano é muito difícil, uma vez que há várias formas de se viver o carisma, não existindo fórmulas prontas .O que temos são apontamentos presentes nas Escrituras, na Tradição, na piedade popular. Outrossim, ser cristão menor jamais significará ser mais santo ou crente que alguém. Muito pelo contrário, consiste em ser um servo desprezível, reconhecendo-se verdadeiramente pecador diante de Deus Pai Todo-Poderoso, como nosso santo fundador nos diz: “ Vós o Altíssimo Senhor do céu e da terra. E eu um miserável vermezinho”, eco das palavras do evangelista Lucas:“ Somos simples servos e não fizemos outra coisa senão aquilo que tínhamos que fazer”(Lc 17-10).
O Movimento penitencial iniciado por Francisco de Assis, formou figuras importantíssimas para a História da Humanidade e da Igreja Católica, entre tantos outros, citamos: Santa Clara de Assis, Santo Antônio de Pádua, São Boaventura, São Benedito, Rosa de Viterbo, João XXIII , Padre Pio e Frei Galvão. Como família franciscana simples e unida , meditemos a 6ª Admoestação do seráfico Pai: "É pois uma grande vergonha para nós outros servos de Deus, terem os santos praticado tais obras, e nós queremos receber honra e glória somente por contar e pregar o que eles fizeram”
Nesta bela manhã de domingo, fui conduzida a estas águas limpas, de encontro a meus irmãos. Paz e bem! a todos. Maravilhoso artigo, Thiago meu irmão em Cristo e Francisco. Apropriado a qualquer tempo, também para este, Quaresemal. Ser franciscano também é carregar uma marca indelével no espírito que embóra invisível nos identifica, pelas atitudes e jeito já natural de ser. De modo que nós nos identificamos um ao outro. Fraterno Abraço.
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