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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

sábado, 2 de julho de 2011

Imaculado Coração de Maria



«Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração»


Cardeal Pedro de Bérulle (1575-1629), teólogo, fundador da Congregação do Oratório de Jesus Opúsculos de Piedade, 1002 ; Vida de Jesus, 497, 502

Naquele tempo, Jesus vivia em Maria e, em certo sentido, fazia parte dela; o Seu coração estava junto ao de Maria. Naquele tempo, Maria vivia em Jesus porque Ele era o seu todo; o coração de Maria estava junto do coração de Jesus e dava-lhe vida. Naquele tempo, Jesus e Maria mais não eram do que um só, vivendo na terra. O coração de um vivia e respirava apenas em função do outro.

Estes dois corações, tão próximos e divinos, vivendo juntos com ânimo tão elevado, o que não serão um ao outro, o que não farão eles um com o outro? Só o amor o pode calcular, o amor divino e celeste, o próprio amor de Jesus. [...] Ó coração de Jesus vivendo em Maria e por Maria! Ó coração de Maria vivendo em Jesus e por Jesus! Ó excelente união dos dois corações!

O coração da Virgem foi o primeiro altar sobre o qual Jesus ofereceu em Hóstia de louvor perpétuo o Seu coração, o Seu corpo e o Seu espírito, sobre o qual Jesus ofereceu o Seu primeiro sacrifício e fez a primeira oblação perpétua de Si próprio.



Imaculado Coração de Maria


A festa litúrgica do Coração de Maria passou por muitas vicissitudes. De acordo com a história, houve primeiramente uma devoção privada ininterrupta, que não chegou a formas públicas oficiais.


Efectivamente, a primeira festa litúrgica do Coração de Maria foi celebrada a 8 de Fevereiro de 1648, na diocese de Autun (França). Em 1864, alguns bispos pedem ao Papa a consagração do mundo ao Coração de Maria, aduzindo como justificativa e motivo a realeza de Maria. O pedido decisivo partiu de Fátima e do episcopado português. Inesperadamente, a 31 de Outubro de 1942, Pio XII, na sua mensagem radiofónica em português, consagrava o mundo ao Coração de Maria. O Papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, ao encerrar a terceira sessão do Concílio Vaticano II, renovava, na presença dos padres conciliares, a consagração ao Coração de Maria feita por Pio XII. Mais recentemente, João Paulo II, no fim de sua primeira encíclica, “Redemptor Hominis” (4 de março de 1979), escreveu um significativo texto sobre o Coração de Maria. Ao tratar do mistério da redenção diz o Papa: “Este mistério formou-se, podemos dizer, no coração da Virgem de Nazaré, quando pronunciou o seu “fiat”. A partir de tal momento, este coração virginal e ao mesmo tempo materno, sob a ação particular do Espírito Santo, acompanha sempre a obra do seu Filho e dirige-se a todos os que Cristo abraçou e abraça continuamente no seu inesgotável amor. E por isso este coração deve ser também maternalmente inesgotável. A característica deste amor materno, que a mãe de Deus incute no mistério da redenção e na vida da Igreja, encontra sua expressão na sua singular proximidade do homem e de todas as suas vicissitudes. Nisso consiste o mistério da mãe”.

A Exortação Apostólica “Marialis cultus” (2/2/1974), do Papa Paulo VI inclui a memória do Coração Imaculado da bem-aventurada Virgem Maria entre as “memórias ou festas que ... expressam orientações surgidas na piedade contemporânea”, colocando-a no dia seguinte à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus.


Essa aproximação das duas festas (Sacratíssimo Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria) faz-nos voltar à origem histórica da devoção: na verdade, São João Eudes, nos seus escritos, jamais separa os dois corações. Aliás, durante nove meses, a vida do Filho de Deus feito carne pulsou seguindo o mesmo ritmo da vida do coração de Maria. Mas os textos próprios da missa do dia destacam mais a beleza espiritual do coração da primeira discípula de Cristo.


Ela, na verdade, trouxe Jesus mais no coração do que no ventre; gerou-o mais com a fé do que com a carne! De acordo com textos bíblicos, Maria escutava e meditava no seu coração a palavra do Senhor, que era para ela como um pão que nutria o íntimo, como que uma água borbulhante que irriga um terreno fecundo. Neste contexto, aparece a fase dinâmica da fé de Maria: recordar para aprofundar, confrontar para encarnar, refletir para atualizar.


Maria nos ensina como hospedar Deus, como nutrir-nos com o seu Verbo, como viver tentando saciar a fome e a sede que temos dele. Maria tornou-se, assim, o protótipo dos que escutam a palavra de Deus e dela fazem o seu tesouro; o modelo perfeito dos que na Igreja devem descobrir, por meio de meditação profunda, o hoje desta mensagem divina. Imitar Maria nesta sua atitude quer dizer permanecer sempre atentos aos sinais do tempos, isto é, ao que de estranho e de novo Deus vai realizando na história por trás das aparências da normalidade; em uma palavra, quer dizer reflectir, com o coração de Maria, sobre os acontecimentos da vida quotidiana, destes tirando, como ela o fazia, conclusões de fé.


cf. Dicionário de Mariologia, 1995 - Editora Paulus



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