Santo Agostinho (354-430),
Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermão 116; PL 38, 657
(Trad. Solesmes, Lectionnaire, vol. 3, p. 85 rev.)
Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermão 116; PL 38, 657
(Trad. Solesmes, Lectionnaire, vol. 3, p. 85 rev.)
Tendo ressuscitado, o Senhor apareceu aos seus discípulos e saudou-os dizendo: «A paz esteja convosco!». É verdadeiramente a paz, esta saudação que salva, pois a palavra «saudação» (Salvé!) quer dizer também «salvação». Que poderíamos esperar de melhor? O homem recebe a saudação da Salvação em pessoa, porque a nossa Salvação é Cristo. Sim, Ele é a nossa Salvação, Ele que foi ferido por nós e pregado no madeiro, depois foi descido e colocado no túmulo. Mas ressuscitou do túmulo; as Suas feridas foram curadas, mantendo, todavia, as cicatrizes. É útil aos Seus discípulos que as cicatrizes permaneçam, afim de que as feridas dos seus corações sejam curadas. Quais feridas? As feridas da sua incredulidade. Ele apareceu aos seus olhos com um corpo verdadeiro, mas eles «julgavam ver um espírito». Não foi uma ferida leve nos seus corações. [...]
Mas que diz o Senhor Jesus? «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações?» É bom para o homem, não que o pensamento se eleve no seu coração, mas que seja o seu coração a elevar-se – para onde o apóstolo Paulo queria estabelecer o coração dos fiéis, a quem dizia: «Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra. Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, a vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória» (Col 3, 1ss.) E que glória é esta? É a glória da ressurreição. [...]
Nós acreditamos na palavra destes discípulos sem que eles nos tenham mostrado o corpo ressuscitado do Salvador. [...] Mas naquele momento o acontecimento parecia inacreditável. Por isso, o Salvador levou-os a acreditar não apenas pela vista, mas também pelo tacto, para que, por meio dos sentidos, a fé lhes descesse aos corações e pudesse ser pregada por todo o mundo aos que não tinham visto nem tocado, mas que haveriam de acreditar sem hesitação (cf. Jo 20, 29).
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