Por Fred Félix, OFS
Uma das primeiras imagens que temos de Francisco quando somos iniciados no caminho do franciscanismo é a do jovem que escuta a mensagem do crucifixo de São Damião e se coloca a reconstruir as igrejas em ruínas de Assis. Aprendemos que não apenas a igreja material, mas a espiritual também é meta deste projeto de restauração.
Contudo, muitas vezes projetamos esta igreja espiritual na Igreja Católica Romana. Não está de todo errado. Apenas devem ser considerados de que maneira esta igreja é composta. Suas pedras, paredes e pilares são seus membros, todos os batizados. Estas são as pedras que compõe através de sua união o templo vivo da Igreja.
Ao mesmo tempo, cada homem é um Templo do Deus Vivo. E desta forma também precisa ser restaurado. Nós, os franciscanos, procuramos através da prática da penitência, ensinada por Francisco de Assis, restauramos o que somos. Nisto, a argamassa desta construção são os nossos valores. Eles são o conteúdo do ensinamento do carpinteiro de Nazaré e a prática do comerciante de Assis.
Através dos conselhos evangélicos (Desapego, Obediência e Pureza de Coração) tentamos alcançar um estado espiritual da prática perfeita dos três maiores valores Franciscanos – Fraternidade, Minoridade e Apostolicidade. Por Fraternidade entendemos Deus como criador e único ser incriado. Ele existe desde o princípio, pois Ele é o princípio. Desta forma, todo o restante foi criado por Ele e através Dele. Assim, todo o restante é criatura e igual nesta condição. Como iguais, devemos colocar em prática o “amar ao outro como a si mesmo” e sendo o Criador o nosso autor, devemos “amá-Lo sobre todas as coisas”. Na Minoridade se estabelece a dimensão do serviço. Estamos neste mundo para servir. O Cristo mostrou isto através de palavras e da alegoria do Lava Pés. E no Apostolado somos o vaso que comporta a Palavra Viva e a coloca em prática através de atitudes concretas.
Os valores que conduzimos são o que faz toda a diferença. Nossa devoção, nossa crença, nosso humor, nossas capacidades etc. ficam todos vazios se não temos por alicerces os valores. Eles são o rochedo seguro no qual construímos a casa e que nem a tempestade pode derrubar. Valores bem construídos e plantados no coração são mais fortes que uma manada de touros ou toda uma sociedade ou grupo que tente modificarmos.
Às vezes é preciso lutar e sofrer pelos valores. Algumas, até ser pregado na cruz ou ter que ficar nu em frente ao tribunal. Mas, isto sempre é valido. A firmeza dos valores é o que nos faz verdadeiramente HOMENS. Tenhamos isto sempre em mente e vivo no coração. Erguemos bem alto nossos templos através de nossos valores. E que eles sejam puros, fortes e belos. Pois, sempre após a cruz existe a ressurreição, e após a ressurreição existe a liberdade total e o encontro com o Criador. E não mais seremos parte da ilusão da vida, porém centelhas vivas e cintilantes do Todo.
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