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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

domingo, 21 de abril de 2013

DOMINGO, 21 DE ABRIL DE 2013: 4° DOMINGO DE PÁSCOA




EU SOU O BOM PASTOR. Entre os tumultos e violências deste mundo, o verdadeiro pastor faz ouvir a sua voz e dá às suas ovelhas a vida que não mais termina. Rezemos hoje, junto com toda a Igreja, pelas vocações sacerdotais e religiosas - e as seculares também.

Textos deste Domingo
2a leitura: A alegria eterna dos redimidos (Apocalipse 7, 9.14b-17)
Evangelho: O Bom Pastor dá a Vida por suas ovelhas (João 10, 27-30)

 

VOZ DO PASTOR, PALAVRA DO PAI

Aceitemos deixar-nos levar pela imagem do pastor de antigamente, herdeiro das grandes figuras do Gênesis e do Êxodo: Abraão, Isaac, Jacó, Moisés. Condutores de rebanhos e condutores de povos. O pastor caminha na frente, o rebanho o segue. Por que esta docilidade? Porque as “ovelhas” reconhecem a voz do pastor. Isto significa que identificam o pastor como sendo a Palavra que faz com que existam e que, sendo lógica consigo mesma, seguirá fazendo-as existir. O Salmo 23 fala de verdes pastagens e de águas tranqüilas para se aplacar a sede; resumindo, fala do alimento, isto é, do que torna a vida possível. O evangelho nos fala de “vida eterna”. A voz do pastor é a voz do Pai, pois eles são apenas um; é a voz criadora que, em Gênesis 1, ordena aos seres que existam e eles existem. Isto significa que Aquele que nos funda continua a nos fazer existir e a nos levar até a última verdade do nosso ser. Todos os que escutam a sua voz, esta voz que nos revela ser o amor esta verdade, a natureza mesma de Deus, não haverão de morrer, pois, pelo amor, terão entrado já no próprio Deus. A voz do pastor fala sem cessar dentro de nós, e nós não a sentimos como estranha, pois foi dela mesma que nascemos. O pastor conhece as suas ovelhas e, como diz o versículo 14 (fora da leitura), também as ovelhas o conhecem. Em Cristo, estamos em nossa casa.


A DANÇA DAS IMAGENS

As imagens bíblicas não são definições. Elas sugerem, viajam... É preciso fazê-las nossas. Por que nossos textos falam unicamente de ovelhas, no feminino, e de cordeiros, na infância, mas nunca em carneiros? Sem dúvida, porque o carneiro evoca o gosto pela luta e pela violência, enquanto as ovelhas e os cordeiros simbolizam a doçura, a vulnerabilidade e até mesmo a inocência. Ovelhas e cordeiros são devorados pelos lobos todos da terra e, no entanto, não fazem mal a ninguém. Quanto ao pastor, vemos aqui algumas mudanças importantes. No versículo 3, fora da leitura, o pastor faz as ovelhas saírem, levando-as “para fora”. É a imagem do Êxodo, do acesso à liberdade, do caminho para o alimento e para a vida. De repente, no versículo 7, o pastor que faz sair torna-se aquele através de quem se pode sair: torna-se ele mesmo a porta. Na segunda leitura, o pastor, que é aquele que conduz, torna-se o cordeiro, aquele que é conduzido. Ou bem mais que isto: aquele que é imolado. Tudo isso só é compreensível à luz da Paixão e da ressurreição do Cristo. Aí, os contrários de fato se trocam: o primeiro se torna o último, o justo conhece o destino do culpado, a vida ganha a aparência da morte. O Cristo nos abre de fato as portas da morte, mas é por ele que é preciso passar; segui-lo em sua Páscoa. Ele é, com efeito, a vida e o caminho para a vida, a nossa última verdade. Ainda mais uma imagem desconcertante: temos que lavar as nossas vestes no sangue do cordeiro (2ª leitura). Curioso este saponáceo! Esta imagem não nos fala de outra coisa que não seja a nossa entrada na Páscoa do Cristo.
 “NINGUÉM AS ARREBATARÁ DE MINHA MÃO”
A mão do Cristo é também a mão do Pai, pois eles são apenas um. Isto significa que nada no mundo pode nos impedir de seguir o Cristo. Por quê? Porque por pior que seja situação que qualquer um de nós possa conhecer, ele já a atravessou. Por todo lado erguem-se cruzes, sob as mais diversas formas. Mas seja o que quer que tenhamos que sofrer, vamos encontrar sempre aí o Cristo crucificado. Ele morreu de nossa morte e por isso cada uma das nossas mortes torna-se a sua, tendo como termo a vida eterna e a glória. No que diz respeito a tudo o que temos que suportar nesta vida, está muito bem, pensarão alguns; mas, e quanto às nossas insuficiências, traições, omissões... Em resumo, quanto ao pecado? Aí é que nos espera o mais desconcertante: a cruz do Cristo é a culminância da perversidade humana, é a superabundância do pecado. E é disto que o Cristo se utiliza para nos fazer entrar na vida. Aí o nosso mal perde o seu aguilhão mortal. A morte perece em sua própria vitória. Morte sim, mas morte da morte, autodestruição do mal. Não tenhamos, portanto, medo de mais nada. Eis nos aqui diante da vida, diante de Deus, com as mãos vazias, sem títulos que fazer valer, sem méritos, sem justiça, mas se aceitamos esperar na paz, Ele é que encherá as nossas mãos. “Pois estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem os poderes, nem a altura, nem a profundeza, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus” (Romanos 8,38-39). No amor, tudo, até mesmo o que há de pior, é usado para o nosso bem (ver Romanos 8,28).
Pe. Marcel Domergue, SJ (tradução livre de www.croire.com )

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