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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

terça-feira, 9 de abril de 2013

Amor Redentor


John Main, OSB
Extraído do livro O Caminho do Não Conhecimento
(Petrópolis-RJ, Ed. Vozes, 2009) pgs. 260 a 263.


São Paulo fala frequentemente da crescente maturidade dos cristãos. 

O chamado à reza, o chamado à meditação é precisamente um chamado a crescer, a deixar para trás a irresponsabilidade egocêntrica da imaturidade e a tornarmo-nos nós mesmos, indo além de nós na união com o Todo. Novamente, é preciso entender que isto requer de cada um de nós uma resposta pessoal, não apenas uma concordância passiva. Trata-se de um convite a ver com os nossos próprios olhos, a ouvir com os nossos próprios ouvidos e a amar com o nosso próprio coração, mas também a realizar isto em união com Aquele que é Amor. Na prática, isto requer, de cada um de nós, ir além da nossa divisão pessoal, histórica. Toda divisão em nosso interior precisa ser transcendida. 

Todas as barreiras que nos separam de nosso verdadeiro eu, dos outros e de Deus precisam ser desmanteladas. Isso significa deixar para trás todas as nossas imagens. As imagens que temos de nós mesmos, do nosso próximo e de Deus. A visão cristã exige que estejamos abertos a Deus em uma profundeza isenta de imagens, e é nesta abertura que todas as falsas dicotomias são resolvidas em união, na unicidade. Em outras palavras, o chamado é para todos nós retornarmos a uma simplicidade fundamental. O chamado da oração profunda é nada menos do que o chamado a ser, a ser você mesmo, a ser com amor, com confiança, com total abertura àquilo que é. E quase não faz sentido dizer que Deus é Amor, enquanto não soubermos isso por nós mesmos, através de uma experiência de nosso ser no ser de Deus. [...]

Somente o amor tem o poder de redimir, e o amor absoluto redime absolutamente. Ora, como sabemos, este poder de saber e de amar deve ser encontrado em nosso próprio coração. Esta é a nossa peregrinação: para o nosso próprio coração. A única coisa de que necessitamos é buscar esse amor com suprema seriedade, com generosidade e com fidelidade. Encontrar o tempo necessário todos os dias de nossa vida, a cada manhã e a cada noite, em nosso canto quieto e recôndito da meditação; lá entramos na realidade eterna de Deus, uma realidade que deve ser encontrada em nosso próprio coração. Essa é a única peregrinação necessária. Nela encontramos amor, para além de toda concessão, de todo medo, de toda timidez.

Eu gostaria de mais uma vez relembrar, por ser algo tão precioso, que o que devemos aprender é o desprendimento de repetir o mantra. O desprendimento de repetí-lo do início ao fim de nossa meditação complementa o desprendimento de acordar um pouco mais cedo para meditar. . . Ser generoso o bastante para buscar a única coisa que é necessária. Nesse ato de busca nós descobrimos a unidade da qual fazemos parte, uma unidade de tudo em todos.

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