A escolha do cardeal
argentino Jorge Mario Bergoglio para substituir Bento XVI pegou religiosos e
fiéis de surpresa. Mas o novo líder da igreja foi bem acolhido pelos seguidores
católicos, já que é conhecido como uma pessoa simples e dedicada. Para o padre
Paulo Carrara, que celebra missas há cerca de dois anos na Igreja São José, na
avenida Afonso Pena, a escolha é motivo de comemoração. “Ninguém esperava, era
um cardeal que não estava entre os mais cotados”, comentou. Carrara lembra que
o argentino tem todas as credenciais para ocupar o posto. “Ele é um homem
íntegro, tem fama de santidade, muito amado pelo povo argentino, que é uma
comunidade muito católica”.
O padre Antônio Carlos Ribeiro, há mais de 4
anos na Igreja de Lourdes, na rua da Bahia, também se diz contente com a
sucessão no Vaticano. “Era uma expectativa grande ter um papa latino-americano
pela primeira vez. O Brasil e o México também tinham candidatos, mas veio um argentino”,
afirma. Ele acredita que o continente terá benefícios. “Isso vai dar um vigor,
o mundo todo vai olhar para o nosso lado”.
O padre Célio Silva Diniz, há 13 anos na
paróquia Santo Antônio, de Venda Nova, na região norte, concorda. “A torcida
para que fosse um cardeal latino-americano era muito grande e, graças a Deus,
fomos atendidos. A América Latina é onde estão os países mais católicos do
mundo e a nossa mentalidade é mais popular, mais preocupada com o povo mesmo,
ao contrário da Europa”, explica.
O frei Jacir de Freitas, diretor do Colégio
Santo Antônio, afirmou que foi uma escolha iluminada pelo Espírito Santo.
"Era o que a Igreja mais precisava neste momento”.
Os padres também elogiaram a escolha do nome
Francisco pelo cardeal Jorge Mario: “Francisco foi um reformador da igreja”,
ressalta padre Paulo. “Ele veio para provocar mudanças, assim como São
Francisco de Assis”, acredita Frei Jacir. Padre Antônio emenda: “traz toda a
história de São Francisco num momento oportuno, em que a igreja vem perdendo
muitos fiéis”. E padre Célio completa: “ São Francisco abriu mão de todos os
poderes financeiros para se tornar um verdadeiro servo. Então, é bom perceber
que ele (o novo papa) irá assumir características desse santo, estando ao lado
dos marginalizados, dos excluídos”.
O nome Francisco
O frei Adilson Corrêa da Silva, pároco da igreja
São Francisco das Chagas, no bairro Carlos Prates, diz que existe uma igreja
antes e depois de São Francisco. “Antes, ela estava no auge do poder; com São
Francisco, surgiu uma proposta de uma igreja mais simples e peregrina”. Ele
conta que os quatro pilares da igreja de Francisco são a fraternidade, pobreza,
minoridade e itinerância. “Isso vai ser inspirador para a Igreja Católica. São
Francisco se sentiu inspirado por Deus a fazer uma nova igreja e agora o
cardeal Jorge Mario também atende a um chamado de reforma”. O frei Adilson
lembra que São Francisco foi ao Oriente Médio dialogar a paz com os muçulmanos
na época das Cruzadas, e que Francisco I “deverá também dialogar com outras
igrejas, cristãs ou não”. Ele lembra ainda que São Francisco também era o
patrono da ecologia e pregava o amor à natureza e aos animais e isso tem grande
relação com o momento atual.
O teólogo e professor de Ciência e Religião na
PUC/MG, Lindomar Rocha, lembra que o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi o
segundo mais votado na sucessão de João Paulo II, que acabou escolhendo Bento
XVI. “O diferencial dele é o próprio perfil, pois é mais pastoral e mais
prático como João Paulo II, diferente de Bento, que estava mais ligado à Cúria.
Ele conhece as emergências da igreja, então ele vem para pastorear”.
Colaboraram Benny Cohen, Tábita Martins, Gabriela Pacheco e Renata Stuart
Fonte: O Estado de Minas
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