About

Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

domingo, 2 de dezembro de 2012

Reflexões Bíblicas


DOMINGO, 02 DE DEZEMBRO DE 2012: 1º DOMINGO DO ADVENTO – ANO C
Jeremias 33,14-16; Salmo 24; 1 Tessalonicenses 3,12-4,2; Lucas 21,25-28.34-36

HOJE
Não vou me prolongar mais sobre os símbolos apocalípticos, pois já havia  falado deles em comentários precedentes. Devemos notar apenas que são descrições que se aplicam ao que estamos vivendo hoje. Vivemos sob um regime que opera a divisão entre o homem e a natureza e, também, entre os homens. São conflitos mortais, cuja presença pode ser notada desde Gênesis 3 e 4. O Cristo - o homem do fim, homem escatológico - põe um termo ao conflito entre o homem e a natureza: “Quem é este a quem até os ventos e o mar obedecem?” (Mateus 8,27). Mas o conflito entre os homens só será superado quando um Filho do homem der a sua vida pela vida de seus irmãos e, pelo Espírito, nos conceder a capacidade de fazer o mesmo. De repente, a morte que representava o resultado final destes conflitos, faz-se ausente na nova criação. Por ora, deixemos de lado o outro conflito, central, que opõe o homem à mulher, trazendo a divisão para o interior mesmo do ser humano. Estamos à espera da vitória de Deus e do homem sobre tudo o que nos divide e nos destrói. E isto irá acontecer na hora do julgamento, quando Deus, a nossa origem, nos irá separar de tudo o que nos divide. As Escrituras falam com frequência sobre isto como sendo a vingança ou a revanche de Deus, mas devemos compreender que esta vingança não se volta contra nós. Ao contrário, ela vem a nosso favor. A revanche de Deus se confunde com a revanche do homem.


O TEMPO DA ESPERA
É raro encontrar-se um ser humano que esteja satisfeito com a sua sorte. “Isto bem que poderia ser melhor!” pensa-se. Vem daí esta busca constante por aperfeiçoamentos que sejam inéditos. É uma insatisfação que está presente em todos os domínios: sabemos como até os santos procuram obstinadamente progredir em direção a uma perfeição que jamais será alcançada. Por outro lado, estar abertos ao que possa acontecer e que está se preparando, estar preparados ao que vem, é absolutamente necessário; caso contrário, grandes tumultos e muita morte poderão se dar, quando o novo se fizer irromper. A questão inevitável é: vamos viver esta espera em regime de medo ou de esperança? Devemos ser profetas da desgraça ou da felicidade? Não é necessário que nos apressemos a responder, porque o futuro pode ser de guerra ou de paz, de prosperidade ou de miséria, de saúde ou de doença. Já vimos que as Escrituras não pecam por ingenuidade. Anunciam a volta do Cristo, a vitória do Filho do homem, a “revanche de Deus”, mas através de catástrofes cósmicas, políticas e sociais. Resulta daí, no entanto, uma certeza: o mal e a desgraça, desde já disseminados pelo mundo e sem falsas esperanças de que desaparecerão um dia, não devem nos amedrontar. Pois Deus vem, de fato, para o melhor: para este nascimento do homem novo que esperamos na alegria. E vem também para o pior: a Paixão e a morte do Filho único, do homem único na perfeição da humanidade. “Seja forte, Israel”, arregaça as mangas, pois Deus te fará entrar nesta terra nova que te prometeu.
A ESPERA TRANSVIADA
É certo que existe quem não espera nada. E de muitas maneiras. Primeiro, existem os que estão satisfeitos, que se acham bem como estão, com o que têm. Mas, um dia, a vida virá com as surpresas que ela traz, para acordá-los desta sua frágil segurança. E a esta sua letargia opõe-se o conselho evangélico para vigiar: “Ficai atentos!”. Vigilância que, no limite, pode vir a dissolver-se no alcoolismo, na droga ou nas “distrações” de que falava Pascal (“distração que nos diverte e que, insensivelmente, nos faz chegar à morte”). Mas a espera, de que falam as Escrituras, pode encontrar outros substitutos; por exemplo, a violência, filha da impaciência. Ou as ideologias, que podem se tornar paródias da autêntica esperança. Lembremos a confiança desmedida do cientificismo com vistas à pesquisa científica, ou dos “amanhãs que cantam” de tantas utopias políticas. Isto não significa que as diversas pesquisas humanas sejam desprovidas de valor, mas, quanto a isto, convém que nos entreguemos à humildade, por saber que o sucesso nestas matérias não irá resolver todos os nossos problemas. A razão disto é que a espera humana não é, na verdade, a espera de alguma coisa, mas de alguém. Alguém que nos reconheça e deseje que existamos. Isto se verifica no nível o mais elementar da psicologia, mas vai muito mais longe; porque este que esperamos será o elo que juntará todos nós na unidade que é o fruto do amor.
Padre Marcel Domergue , SJ

CENTRO ALCEU AMOROSO LIMA PARA A LIBERDADE/CAALL
Rua Mosela, 289 Mosela - Petrópolis RJ CEP 25675-480
Tel/Fax: 55 0** 24 2242-6433

Nenhum comentário:

Postar um comentário