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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ADVENTO: A materialidade de um Deus (1)

Fred Félix, OFS

A Igreja em uníssono roga neste período “Vem, Senhor, que nós lhe esperamos”, ao que o Cristo responde “Ero Cras” (Chegarei amanhã). Na proximidade com a festa do Natal, faz-se necessário um tempo de meditação interior, marcado pelo Advento, com seus quatro domingos.



Praticantes da penitência franciscana, para nós, o Advento deve ser mais uma oportunidade oferecida pela Igreja (através de sua liturgia) para a prática da conversão evangélica (metanóia), de forma mais intensa. É preciso nos revestir da coroa do Advento. Para isso, trazemos a todos os irmãos e irmãs leitores uma meditação sobre o Natal, um para cada domingo do advento. Para os franciscanos o Natal é uma data mais que sagrada, junto da Páscoa ela se faz preferida. É preciso esfregar carnes nas paredes, exclama Francisco de alegria. E ao mesmo tempo é preciso endireitar o coração para que ele sirva como uma bela manjedoura para o menino Jesus que nos afirma “Ero Cras”.



1 - A materialidade de um Deus

Durante muito tempo na história da salvação Deus se manifestou através da voz, da sarça ardente e de seus profetas. Era um Deus que através de sua criação se comunicava com o homem. Mas, se tornou necessário que Ele se fizesse presente em nosso meio. Então, sua palavra vivificadora, o Verbo Divino, veio habitar o ventre de uma menina judia. Ele passa por um período de gestação e, como toda criança, vem ao mundo. Observa, ó homem, seu Deus que se fez homem, carne, matéria. Não é mais um Deus distante, ele está no meio do povo e os mais sofridos são seus preferidos – “Escutei o clamor do meu povo”.

Ao mesmo tempo que o Cristo é inteiramente Deus, ele é também, inteiramente homem, e isso deve ser levado em conta. Jesus habita o campo do visível, saindo do apenas sensível. Ele pode ser tocado, ouvido, possui mãos para afagar e ombro para aqueles que precisem de carinho. Deus não é apenas mais uma figura metafísica e filosófica, ele é um homem. Frente a este mistério, nós só podemos reverenciar o Senhor e abrir nossos corações para que Ele inunda com seus mistérios.


Infelizmente, o homem esquece de sua dignidade pelo fato do próprio Deus escolher sua espécie para se fazer um igual, e se entrega a todo o tipo de vícios e pecados.

Ó Chave de Davi, cetro da casa de Israel,
Que abris e ninguém fecha, que fechais e ninguém abre:
Vinde logo e libertai o homem prisioneiro que,
Nas trevas e na sombra da morte está sentado. *



* Quarta estrofe das antífonas maiores do Natal.

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