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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

domingo, 23 de dezembro de 2012

ADVENTO: A expressão cósmica de um Deus (4)

Fred Félix, OFS


4. A expressão cósmica de um Deus

Já comentamos como Deus elevou nossa condição de homem ao se fazer um de nós. E como ele passou por todo um processo de vida humana, sentindo os mesmos sentimentos que nós sentimos em nossa caminhada: medo, tristeza, carinho, compaixão, revolta, solidão e tantos outros. Mas, ao mesmo tempo, ele continua sendo nosso Deus. O Deus que prendeu no céu as estrelas cintilantes e a lua que reflete a luz de um sol, que nos dá calor e vida. No momento do primeiro choro de vida do pequenino menino Jesus, toda a criação se curva em adoração e louva seu próprio Criador que, como criatura, vem ao nosso encontro.

“Levantei os olhos para o ar e vi o ar parado e pasmo. Ergui o olhar para o céu e vi que tudo estava imóvel, as aves quedas. E olhei para a terra e vi uma mesa posta e as pessoas reclinadas para a refeição. Mas os que deviam mastigar não mastigavam. Os que bebiam não erguiam a mão e os que tinham a mão erguida não a levavam à boca, todos petrificados olhando para o alto. E eis que vinham ovelhas. Mas não avançavam. Estavam imobilizadas. O pastor ergueu a mão para tangê-las. E sua mão ficou imóvel no ar. As águas do riacho corriam e os cabritos que as tocavam não as bebiam. Tudo, por um momento, ficou parado, alheio ao seu próprio curso”. [1] “Foi neste momento (...) que nasceu o Verbo da vida no qual tudo foi feito, para o qual tudo marchara e em que todos esperavam. Chegou o momento dos supremos esponsais de Deus com toda a criação”. [2]

E juntos de todos os santos e anjos, nós, os filhos da penitência, nos juntamos, adjunto toda a criação, para louvar a criança que repousa na palha e na manjedoura:

“Vós sois grande, Senhor, e altamente digno de louvor: grande é o vosso poder, e a vossa sabedoria não tem medida. E o homem, pequena parcela de vossa criação, pretende louvar-vos, precisamente o homem que, revestido de sua condição mortal, traz em si o testemunho de seu pecado e de que resistis aos soberbos. A despeito de tudo, o homem, pequena parcela de vossa criação, quer louvar-vos. Vós mesmo o incitais a isso, fazendo com que ele encontre suas delícias no vosso louvor, porque nos fizeste para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós”. [3]

Ó Emanuel – Deus conosco,
Nosso Rei Legislador, Esperança das nações e dos povos Salvador:
Vinde enfim para salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus! [4]




[1] Proto evangelho de Tomé, 17, 2
[2] BOFF, Leonardo. A humanidade e a jovialidade de nosso Deus. Petrópolis (RJ): Vozes, 2000.
[3] Sto. Agostinho, Confissões I,1,1.
[4] Sétima estrofe das antífonas maiores do Natal

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