por Thiago Damato
A fé é a prática da justiça, e caso não venha acompanhada por obras, é como um corpo sem espírito (Tg 2,26). Nos dizeres do saudoso Dom Oscar Romero: “sem a prática da justiça e o compromisso pelos direitos humanos, a adoração a Deus é fantasia narcisista”.
O cristão deve refutar o desenvolvimento de uma fé puramente ritualística, intimista e impregnada de salvacionismo individual. É preciso ser soldado de Cristo na construção do Reino de Deus e, como nos ensinou Nosso Redentor, este mesmo Reino já está no meio de nós (Lc 17, 20-21). Logo, é imperativo que a atuação do cristão-católico não se restrinja ao ambiente da Igreja e da comunidade pastoral da qual participa. Os servos do Senhor devem estar no mundo, engajados em partidos políticos, movimentos sociais e organizações não-governamentais, levando a Luz do Evangelho a esses setores, para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). De fato, é mais que necessário insistir na busca por uma comunhão fraterna universal.
Quando da passagem de nosso Pai Francisco pelo planeta, a Igreja encontrava-se demasiadamente mundana, priorizando terras, bens e poder; em detrimento dos pobres, marginalizados e oprimidos. O clero isolado em templos palacianos, distanciava-se do Cristo empobrecido. Com sabedoria, o Papa Bento XVI, afirma-nos: “O não de Francisco àquele tipo de Igreja não poderia ser mais radical, é o que chamaríamos de protesto profético”. O menor dos menores, com muito amor e vigor, foi missionário do Filho do Homem, e mais que arauto da Palavra, vivenciou a radicalidade evangélica, sendo por suas ações exemplo para toda a Santa Igreja.
Um dos maiores seguidores de Francisco foi o nosso glorioso Santo Antônio de Pádua. Em seus esforços para concretizar uma das mais importantes exigências da fé cristã que é a opção preferencial pelos pobres, buscando livrá-los de toda injustiça, Frei Antônio interpelava até mesmo autoridades políticas.
Consta no Registro da Prefeitura de Pádua, datado de 15 de março de 1231, que: "...atendendo a solicitação do venerável Frei Antônio, da Ordem dos Menores, foram modificadas as leis em favor do devedores pobres. Nenhum deles poderá mais ser preso por dívidas contraídas no passado ou no futuro. Esse decreto não poderá ser alterado, nem pela assembléia popular, nem pelo conselho da cidade, e nem, também, pelos juristas mediante algum artifício.” Neste caso, o glorioso da Ordem dos Menores , tentou libertar a desprovida população de sua cidade, da opressão que os usurários (agiotas) lhe infligiam.
Os cristãos-católicos, mais propriamente os seguidores de Francisco de Assis, também devem encontrar a concretude de sua fé na defesa dos desfavorecidos. Pois tendo um olhar místico sobre o mundo e fortalecidos na retaguarda espiritual da oração, podem pela prática da sua fé alcançar a libertação dos males.
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