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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Emoção & Inteligência



É melhor ser alegre que ser triste, já dizia Vinícius de Moraes. Sem dúvida. O poeta ia mais longe, entoando em rima e em prosa que tristeza não tem fim. Já a felicidade, sim. Até hoje, muita gente chora ao ouvir esses versos porque eles tocam num ponto nevrálgico da vida humana: os sentimentos. E quando tais sentimentos provocam algum tipo de dor, fica difícil esquecer - e ainda mais suportar. A tristeza, uma das piores sensações da nossa existência, funciona mais ou menos assim: parece bonita apenas nas músicas. Na vida real, ninguém gosta dela, ninguém a quer ver.

Tristeza é um sentimento que responde a estímulos internos, como recordações, memórias, vivências; ou externos, como a perda de um emprego ou de um amor. Não se trata de uma emoção, que é uma resposta imediata a um estímulo. No caso de tristeza, nosso organismo elabora e amadurece a emoção, antes de manifestá-la. É uma resposta natural a situações de perdas ou frustrações, em que são liberados hormônios cerebrais responsáveis por angústia, melancolia ou coração apertado.


“A tristeza é uma resposta que faz parte de nossa forma de ser e de estar no mundo. Passamos o dia flutuando entre pólos de alegria e infelicidade”, afirma o médico psiquiatra Ricardo Moreno. Se passamos o dia entre esses pólos de flutuação, é bom não levar tão a sério os comerciais de margarina em que a família é linda, perfeita, alegre e até os cachorros parecem sorrir o tempo inteiro. Vivemos numa época em que a felicidade constante é praticamente um dever de todos. É fato: ser feliz o tempo todo está virando uma obrigação a ponto de causar angústia.

Especialistas, no entanto, afirmam que estar infeliz é mais do que natural, é necessário à condição humana. A tristeza é um dos raros momentos que nos permite reflexão, uma volta para nós mesmos, uma possibilidade de nos conhecermos melhor. De saber o que queremos, do que gostamos. E somente com essa clareza de dados é que podemos buscar atividades que nos dão prazer, isto é, que nos fazem felizes. Assim como a dor e o medo, a tristeza nos ajuda a sobreviver. Sim, porque se não sentíssemos medo, poderíamos nos atirar de um penhasco. E se não tivéssemos dor, como o organismo poderia nos avisar de que algo não vai bem?

(Adaptado de Mariana Sgarioni, Emoção & Inteligência, Superinteressante, p. 18-20)

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