Marcelo Barros, OSB
Contam os quadrinhos de Asterix que
os antigos gauleses só tinham medo de uma coisa: que o céu caísse sobre as suas
cabeças. Hoje, essa ameaça parece mais possível e concreta, não por alguma
hecatombe cósmica desconhecida, mas porque a camada de ozônio que protege a
atmosfera terrestre está sendo destruída. Com esse fenômeno, o céu cai sobre
nossas cabeças na forma de raios ultravioletas do sol que geram enfermidades e
problemas de todo tipo.
No início de dezembro, as Igrejas
cristãs entram no novo ano litúrgico recordando a meta da história. Ouvem-se
trechos dos evangelhos que muitos cristãos interpretam como anúncios do fim do
mundo. Nesse ano de 2012, isso coincide com o fato de que, segundo a cultura
maia, o dia 21 de dezembro de 2012 marcará o final de uma era. Muita gente logo
associa isso com a destruição do planeta Terra. Quem se preocupa com o
aquecimento global, vê a aproximação desse final dos tempos na crise ecológica
que abala a convivência da humanidade com a natureza. Ao contrário, conforme
notícias veiculadas pela grande imprensa, algumas agências de turismo programam
viagens e passeios nas ruínas do império maia para que as pessoas curtam melhor
o clima de expectativa e medo que as profecias podem gerar.
Sem dúvida, as armas nucleares e
também o agravamento da poluição ecológica, assim como o aquecimento do planeta
podem destruir o nosso planeta. E o que então acontecer dessa vez, nova era do
gelo ou do fogo, não ocorrerá por um fenômeno natural e sim como resultado da
ação da sociedade humana. Por isso, é urgente estabelecer novas relações de
respeito e cuidado com a natureza. No entanto, não tem sentido pensar que
profecias bíblicas ou maias tenham previsto futuro e menos ainda anunciem o fim
de mundo. Textos religiosos antigos são poemas simbólicos e têm muito mais o
objetivo de convidar a humanidade a se engajar em uma nova esperança do que em
ameaçá-la com o fim de tudo. Conforme o discurso atribuído pelos evangelhos a
Jesus, vários dos sinais no céu que deveriam anunciar aqueles dias, de fato ocorreram
na tarde em que Jesus morreu na cruz. A morte de Jesus determinou o fim de um
mundo e o começo de outro. A profecia maia, ao dividir a história em etapas, prevê
a mesma coisa que, em outra linguagem e de modo diferente, o evangelho tinha profetizado:
a história humana está grávida de uma vida nova. Mesmo se nesse plano cósmico e
histórico, não existe parto sem dor, o anúncio dessa nova forma de organizar o
mundo e viver as relações sociais é o próprio grito do processo atual dos
fóruns sociais mundiais: Outro mundo é possível! O Evangelho de Lucas chega a
dizer: “Quando virem essas coisas acontecerem, alegrem-se e levantem a cabeça.
É a libertação de vocês que se aproxima” (Lc 21, 28).
Nenhum comentário:
Postar um comentário