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Assim, no espírito das Bem-aventuranças, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros a caminho da casa do Pai. - Regra OFS nº 11

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

As palavras do papa sobre os pobres

Qualquer um que tenha mesmo que uma mínima participação na Igreja, sabe que a divisão em torno do Papa Francisco é, mais do que qualquer outra coisa, uma construção jornalística. Certamente, há disputas entre os entusiastas defensores da "grande reviravolta" e os tradicionalistas que veem no papa um perigoso progressista: mas são questões de Cúria ou de intelectuais.
A reportagem é de Michele Brambilla, publicada no jornal La Stampa, 12-01-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Se falamos de fiéis ou da grande maioria dos padres, as dúvidas não são sobre a ortodoxia de Francisco, mas sobre a imagem que ele passa dele. O verdadeiro medo, em suma, é que existam um papa real e um papa da mídia.
O fato é que, como já aconteceu muitas vezes no passado, esse papa também é – para usar uma expressão popular – "puxado pelo casaco", ou, melhor, pela veste, por aqueles que querem fazer passar a ideia de que o Vigário de Cristopensa como ele.
E, por isso, é mais do que provável que muitos daqueles que têm interesse em dizer que esse é "um papa comunista" encontraram fôlego na entrevista que Bergoglio concedeu aos nossos vaticanistas Andrea Tornielli e Giacomo Galeazzi.
Nessa entrevista – que está contida no livro Questa economia uccide [Esta economia mata] e que, nesse domingo, foi antecipado em parte –, Francisco usou palavras efetivamente muito fortes.
Citando Santo Ambrósio, disse que, quando se dá alguma coisa a um pobre, na realidade, não se dá a ele, mas se restitui a ele. E, citando Paulo VI, disse que a propriedade privada não é um valor incondicional e absoluto. Bastaria isso para dar razão àqueles que, em lados opostos e por motivos opostos, defende que esse é um papa marxista.
Mas poucas coisas incomodam mais Bergoglio do que essa instrumentalização. Justamente porque é verdade que existem um Francisco da realidade e um da mídia. Também da entrevista desse domingo, alguns vão querer fazer passar apenas alguns trechos e omitirão, ao invés, o central: isto é, a reivindicação do laço indissolúvel entre Evangelho e atenção aos pobres.
Na entrevista, o papa citou sobretudo o cristianismo das origens: mas, sem ir aos primeiros cristãos, se poderia lembrar que, no Catecismo Maior de São Pio X (que é de 1905), dois dos "quatro pecados que gritam vingança a Deus" são "opressão dos pobres" e "fraude na retribuição aos operários". Nenhuma virada pauperista – Francisco quer dizer –, mas somente continuidade.
No entanto, é inegável que houve uma reviravolta. Mas não é no magistério, nem mesmo na fé: é nos temas da pregação. Se é verdade que a defesa dos pobres sempre foi central no cristianismo, também é verdade que, há décadas, não era mais central, ao menos na pregação.
Por muito tempo, foram centrais os temas ligados à sexualidade e à família, até se tornarem "princípios inegociáveis". O papa argentino, sobre esses princípios, já disse que pensa como deve pensar "um filho da Igreja". Mas está convencido de que, por muito tempo, foram ignorados outros princípios, outros direitos a defender. Essa é a verdadeira reviravolta do Papa Francisco.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

30 de janeiro - Memória de Mahatma Gandhi

                                                                                                       por Irmão Marcelo Barros, osb*

Os governos imperialistas do mundo dividem os conflitos bélicos em guerras de alta intensidade e conflitos de baixa intensidade. Para dominar o mundo, usam a forma que lhes for mais conveniente para cada situação. Ao contrário, os povos e grupos que se integram na caminhada por um mundo renovado sabem que nenhuma guerra construirá a paz e a liberdade. Várias experiências nos revelaram que somente a não violência e a educação para a paz constroem a justiça e respeitam a dignidade humana. A cada ano, no dia 30 de janeiro, a humanidade inteira recorda o dia em que, em 1948, na Índia, foi assassinado o Mahatma Gandhi, mártir da não violência e da paz.
Nesses dias, em Dehli, há uma grande peregrinação de pessoas de todo o país e até estrangeiros que vêm visitar o túmulo de Gandhi. Ali, homens, mulheres e crianças costumam depositar uma flor sobre a placa de mármore negro que cobre o túmulo. Os/as adultos/as chamam: "Mahatma Gandhi!". As crianças respondem: "Anantha-he, Anantha-he!", isto é, "para sempre, para sempre".
No Brasil, tão carente de líderes sociais que não vendam a própria alma em troca de votos na próxima eleição, só podemos desejar que o exemplo e a mensagem de Gandhi possam iluminar nosso país e seus dirigentes. Gandhi afirmava: "Não tenho mensagens. Minha mensagem é simplesmente a minha vida". Ele intitulou a sua autobiografia: "A história das minhas experiências com a verdade". Gandhi sabia que essa verdade se chama Deus. "Tudo o que eu faço é na busca de Deus. Anseio por ver a Deus, face a face. O Deus que conheço se chama Verdade".

Decálogo da OFS para a Paz


1. Proclamamos que toda a pessoa é titular do direito sagrado a uma vida íntegra, mesmo do ponto de vista espiritual.
Queremos liberdade autêntica, dotada de valores e princípios éticos, fundamentada no Amor, no Perdão, na Esperança e no Sentido para a Vida.
Comprometemo-nos, pelo nosso testemunho de vida, a anunciar a dignidade e a despertar consciências para a vida como de Deus.

2. Proclamamos que a Família é o lugar por excelência de aprendizagem religiosa em liberdade integral da relação com Deus e com o Irmão em harmonia e respeito mútuo que conduz à paz.
Queremos que a Família, fundada no Matrimónio entre Homem e Mulher, seja defendida nas sua dimensão humana, social e religiosa.
Comprometemo-nos com a nossa oração em Família, para que a paz frutifique em terra fértil e se desenvolva em liberdade.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Jesus O mestre Interior

extraído do livro Jesus - O Mestre Interior (São Paulo: Martins Fontes, 2004)
Recitamos o mantra continuamente, qualquer que seja nosso estado de espírito: “em tempos de guerra e em tempos de paz”, como afirma A Nuvem do Não Saber; “em tempos de prosperidade e de adversidade”, como afirma João Cassiano; “do início ao fim de cada meditação”, como disse, por sua vez, John Main. Com a prática, o mantra lança suas raízes mais profundamente em nosso ser, estabelecendo a harmonia entre o inconsciente e o consciente. Imperceptível, e gradativamente, ele desce da cabeça para o coração. Com o tempo, repetimos o mantra, o emitimos e, então, o ouvimos, com cada vez menor esforço e maior atenção.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS - HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

A primeira leitura propôs-nos a antiga súplica de bênção que Deus sugerira a Moisés, para que a ensinasse a Aarão e seus filhos: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor dirija para ti o seu olhar e te conceda a paz» (Nm 6, 24-26). É muito significativo ouvir estas palavras de bênção no início dum novo ano: acompanharão o nosso caminho neste tempo que se abre diante de nós. São palavras que dão força, coragem e esperança; não uma esperança ilusória, assente em frágeis promessas humanas, nem uma esperança ingénua que imagina melhor o futuro, simplesmente porque é futuro. Esta esperança tem a sua razão de ser precisamente na bênção de Deus; uma bênção que contém os votos maiores, os votos da Igreja para cada um de nós, repletos da protecção amorosa do Senhor, da sua ajuda providente.

Os votos contidos nesta bênção realizaram-se plenamente numa mulher, Maria, enquanto destinada a tornar-Se a Mãe de Deus, e realizaram-se n’Ela antes de toda a criatura.

sábado, 2 de novembro de 2013

Vida eterna




Tão bonito o ato de acender velas,
Ofertar flores e visitar túmulos.
Os que nos precederam merecem todo nosso carinho,
Por isso estes rituais são lindos e piedosos.
Mas, para mim, basta-me a profunda oração.
Elevo meus pensamentos e sentimentos ao Pai.
E Teu  santo espírito se apresenta
Na forma de candelabros  em chamas, cintilantes.
O irmão fogo faz festa na Catedral da minha mente.
Os rostos ressuscitados dos que já partiram,
Comovem-me e colorem um vitral que o mundo jamais verá.
No altar de meu coração,
Celebra-se o martírio da saudade de cada dia.
E como testemunho desta eucaristia infinita,
Comungo da presença de quem já se foi.
Resta  apenas uma certeza: o Amor jamais perece,
Pois  perene é a esperança da ressurreição.

Thiago Damato,ofs
Niterói/RJ, 02 de novembro de 2013

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O PROFETA [18] Sobre o Ensino


Depois um professor disse, Fala-nos do Ensino.

E ele respondeu:
Ninguém vos poderá revelar nada que já não esteja meio adormecido na aurora do vosso conhecimento.

O professor que caminha na sombra do templo, entre os seus discípulos, não dá a sua sabedoria mas antes a sua fé e amor.

Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria, mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.

O astrônomo pode falar-vos do seu entendimento do espaço, mas não vos pode dar o seu entendimento.

O músico pode cantar-vos o ritmo do espaço, mas não vos pode dar o ouvido que faz parar o ritmo, ou a voz que dele faz eco.

E aquele que é versado na ciência dos números, pode falar-vos de pesos e medidas, mas não pode levar-vos até lá.

Pois a visão de um homem não empresta as suas asas a outro homem.

E, mesmo que cada um de vós esteja sozinho no conhecimento de Deus, também cada um de vós deve estar sozinho no seu conhecimento de Deus e na sua compreensão da Terra.